E acho que essa "discussão" só tem sentido para dois tipos de observadores do desporto.
Os "pseudo" jornalistas desportivos, que de desporto só sabem a teoria de alguns livros que leram, mas que nunca praticaram desporto a sério, quem sabe apenas as aulas de educação física na escola que no nosso país são bem pobrezinhas. Esses mesmos jornalistas que durante quatro anos nada ou pouco escrevem sobre os atletas e as suas prestações, mas que durante os quinze dias que duram os Jogos Olímpicos, tornam-se "experts" em desporto, escrevem crónicas atrás de crónicas e até se sentem capazes de criticar as "performances" dos vários atletas seja qual for a modalidade. Sim porque eles de repente são especialistas em todas as modalidades. (Gostava que alguém de surpresa lhes perguntasse as regras dos vários desportos, para ouvir os "silêncios" deles ou então as asneiras.
O outro tipo são os 95,8% dos portugueses que também não praticam ou praticaram nenhum desporto, apenas são bons na modalidade de "palpites de sofá" (apenas 4,2% dos porugueses pratica um desporto federado, em comparação dos quase 40% da média europeia ou dos mais de 80% dos países do norte da europa). Leêm nos jornais "futebolisticos" aqueles quadradinhos que os acima citados jornalistas nos brindam nesta altura dos jogos e assim eles também passam a "iluminados".
Comparar Michael Phelps com Usain Bolt ou Larisa Latynina é a mesma coisa como pegar no melhor Whisky, o melhor Vinho do Porto, o melhor Champanhe e depois dizer qual é a melhor bebida.
Não tem comparação e pronto!!! É discutir o sexo dos anjos.
São modalidades diferentes e épocas diferentes. Mesmo dentro da mesma modalidade há comparações que não se podem fazer. Os métodos de treino evoluíram, as realidades físicas e culturais são diferentes. Até os países dos atletas muitas vezes são diferentes.
Para quem gosta mesmo de desporto as verdadeiras conversas não vão ser de comparação mas sim de lembrança.
Lembrar como Jesse Owens em Berlim 1936 se tornou o primeiro homem a ganhar quatro medalhas no atletismo 100 metros planos, 200 metros planos, estafeta de 4x100 metros planos e salto em compimento.
Lembrar Jack Beresford Jr. remador britânico que também em Berlim 1936 se tornou o primeiro homem a ganhar medalhas em cinco JO diferentes.
Lembrar Emil Zatopec fundista checoslovaco que em Helsínquia 1952 ganhou nesses jogos o ouro em 5000 metros, 10000 metros e na maratona.
Lembrar Larisa Latynina ginasta soviética e as suas dezoito medalhas.
Lembrar Nadia Comaneci ginasta romena e a sua nota nas barras assimétricas. O primeiro 10.00 perfeito da ginástica desportiva em Munique 72.
Lembrar Mark Spitz nadador americano e as suas onze medalhas, sete delas de ouro nos JO de Munique 1972.
E daqui a vinte anos nos JO de 2032 sejam eles em que cidade forem e estiver em conversa com outro amante de desporto a conversa vai "pegar fogo" e vou poder dizer:
EU VI
Eu vi Greg Louganis americano de saltos para a água ser o único campeão de saltos em trampolim de 3 metros e plataforma de 10 metros em dois JO diferentes. Los Angeles 1984 e Seul 1988.
Eu vi Carl Lewis igualar Jesse Owens com quatro medalhas em Los Angeles e nas mesmas provas. Vi também Carl Lewis tornar-se o primeiro homem do atletismos com quatro medalhas de ouro em quatro JO diferentes no salto em compimento.
Eu vi Mickael Johnson tornar-se o único homem a vencer os 200 e os 400 metros planos nos mesmos jogos Atenas 1996 e estabelecer recordes mundiais que nos 200 metro só agora caiu (2011) e o dos 400 metros ainda dura.
Eu vi Steven Redgrave também remador britânico que em Sidney 2000 igualou o feito do seu compatriota, com medalhas em cinco JO diferentes, este com todas de ouro.
E finalmente eu vi Mickael Phelps bater o recorde de Mark Spitz com oito ouros em Pequim 2008 e Larisa Latynina com vinte e duas medalhas no total em Londres 2012.
Também em 2012 em Londres Usain Bolt tornou-se o primeiro velocista a vencer os 100 e 200 metros planos em dois JO seguidos.
Esta conversa e estas lembranças sobre estes grandes e eternos atletas que ficarão com os seus nomes e marcas nos livros da história do desporto, que os verdadeiros amantes do desporto querem ter.
As comparações e as discussões picuinhas, ficam para os especialistas acima citados no início deste post.
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